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Para chegar a esse número, a FCamara levou em consideração a inclusão no sistema bancário de 10 milhões de pessoas em 2020, além da chegada do Pix, que vem acostumando os brasileiros a uma forma de pagamento totalmente digital
O processo de implementação do open banking no Brasil começou a ser discutido em 2019 e sua implementação acontecerá ao longo de 2021. A perspectiva é de que cerca de 5 milhões de brasileiros devem aderir ao sistema nos próximos 12 meses, segundo projeção da FCamara, especializada em soluções digitais, inclusive para o open banking.
Para chegar a esse número, a FCamara levou em consideração a proporção de população bancarizada, o sistema financeiro ativo e desenvolvido do país, a inclusão nesse sistema de 10 milhões de pessoas pelas necessidades decorrentes da pandemia de covid-19 em 2020, além da chegada do Pix (pagamento instantâneo), que vem acostumando os brasileiros a uma forma de pagamento totalmente digital.
O exemplo mais avançado e que pode ser comparado ao brasileiro pela semelhança nos projetos é o da Grã-Bretanha, que chegou a 1,1 milhão de usuários dois anos após sua estreia. A projeção feita pela empresa de pesquisas eMarketer, em dezembro do ano passado, é de que o território atinja 10 milhões de usuários após cinco anos.
Mas, afinal, o que é o tal do "open banking'? É o "compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras a critério dos seus clientes, por meio de uma abertura e integração de plataformas e sistemas de informação", conforme definiu o assessor no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, Guilherme Thémes.
Na prática, a partir deste ano, o usuário que optar pelo open banking poderá levar seu histórico de transações de um banco, com o qual já tem relacionamento, para outra instituição financeira.
A ideia de poder migrar de banco sem a perda do histórico de transações que são usadas para concessão de crédito, por exemplo, parece ótima, mas existem algumas questões culturais e estratégicas que podem desafiar a implementação do compartilhamento de informações no Brasil, segundo a FCamara.
A primeira delas é a concentração bancária, reforçada por estratégias governamentais desde o período do milagre econômico até 1974. O surgimento recente de inúmeras instituições financeiras ajuda a pulverizar o setor, mas o caminho ainda é longo.
O segundo entrave é justamente a nova arquitetura técnica para transações e processos por meio de APIs (interfaces que possibilitam a comunicação entre diferentes sistemas e, com isso, o compartilhamento também de dados), diretamente entre computadores.
Essa é uma dificuldade não apenas por ser um processo relativamente novo, mas também por demandar novas abordagens em relação a segurança e confidencialidade dos dados dos clientes.